Segundo uma pesquisa realizada pelo site vagas.com, publicada pela BBC Brasil, pelo menos 52% da população brasileira já sofreu assédio no ambiente de trabalho, seja ele moral ou sexual, enquanto 34% alegam ter presenciado um ato de abuso. Em contrapartida, de acordo com dados divulgados pelo Correio Brasiliense, o número de denúncias formais na justiça sobre assédio diminuiu de 2016 para 2019, evidenciando um fato importuno: as pessoas vêm sofrendo assédio, porém não os reportam, seja por medo ou desinformação. 
Perante esses dados e o silêncio incômodo, a aluna da UniFCV, Angélica Sambatti, orientada pela professora Marcela Favero, produziu um artigo científico intitulado: Assédio moral no ambiente de trabalho – uma revisão bibliométrica de 2007 – 2017, que tem como objetivo realizar uma pesquisa sobre o assédio moral e discutir seus diferentes tipos. 
Angélica afirma que já estava familiarizada com o assunto, principalmente por causa do seu TCC, que a fez perceber a dimensão do problema. “Na minha graduação, fiz o TCC sobre assédio sexual infantil. Por leituras vi que o assédio em ambiente de trabalho era de grande proporção e pouco falado, pois muitos se calam por medo de perder o emprego que tanto precisam. As pessoas aguentam caladas, guardando tudo para elas mesmo, podendo até mesmo ter a depressão, a doença do século”, comenta Angélica. 

Assédio moral misto 
Entre os vários tipos de assédios citados no trabalho, existe o Assédio Moral Misto. Esse tipo de abuso é categorizado quando o superior abusa de um inferior e os colegas replicam a atitude com medo de serem afetadas por defender um colega; ou até mesmo quando o assédio ocorre entre os colegas e o chefe também começa a praticar. Infelizmente, essa modalidade de assédio acaba sendo uma das mais comuns no nosso cotidiano. 
“É o que mais ocorre, as pessoas, por medo, podem se juntar aos superiores e colegas e coagir o outro. Às vezes ela nem concorda com as piadas e grosserias, mas, por medo de acontecer com ela ou de perder o emprego, o sujeito acaba se juntado com as outras pessoas e praticam o assédio. Acredito que seja o que mais acontece sim. As pessoas não respeitam o jeito do outro, elas não percebem que cada um tem o seu jeito de ser e então acabam fazendo piadas que podem ferir”, pontua Angélica. 

Refúgio na lei 
Existem leis referentes ao assédio moral em ambiente de trabalho, mas, mesmo assim, como já pontuado, o número de processos está cada vez mais baixo, e um dos principais fatores é o medo. “Para muitos, as pessoas são descartáveis, as demitem, pois existem vários atrás de emprego, principalmente na crise na qual estamos enfrentando. Geralmente quem ‘pratica o assédio’ não sente dó de demitir”. Angélica também comenta que as pessoas, ocasionalmente, são coagidas a não denunciarem, “Existe sim uma lei de prática de assédio, mas muitos são coagidos e acabam não denunciando, pois esses trabalhadores acabam desencadeando não só danos psicológicos, mas a saúde também”.
Outro fator é saber reconhecer o assédio moral, que, por várias vezes, é disfarçado em piadas e brincadeiras corriqueiras do ambiente de trabalho. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeroportuários (SINA), o assédio se categoriza por exposições a situações humilhantes e constrangedoras, que se repetem constantemente no local de trabalho, seja dentro ou fora do ambiente profissional. Às vezes pode ser caracterizado pela degradação das condições de trabalho, sendo a vítimas, por vezes, isolada do grupo e removida de debates importantes pertinentes a sua função. 

A questão do assédio é muito complicada, podendo tomar diversas formas, variando desde uma pressão psicológica até abusos sexuais. Portanto, caso você acredite estar sofrendo assédio, pesquise sobre o assunto, procure fontes, matérias e, até mesmo, sindicatos para analisar a sua situação. O assédio moral é uma questão importante e não deve ser esquecida; sua prática pode levar a sérios danos físicos e mentais no funcionário.

Assessoria de Comunicação – UniFCV